segunda-feira, 18 de maio de 2015

Pessoal | Vamos falar sobre Clássicos


 Dia 18 é Dia Internacional dos Museus. Não tenho, infelizmente, o hábito de visitar exposições (embora tenha apreciado todas as minhas experiências), no entanto, tenho o hábito da leitura e, quando se falam em livros antigos, falam-se em clássicos.


 Ler ou Não Ler? Eis a Questão

 Muitos leitores têm receio em ler clássicos, por diversas razões que vão desde o número de páginas ao medo de uma escrita pesada e complicada. Bem... existem diferentes tipos de leitores: há aqueles que preferem leituras leves e românticas, outras que adoram viajar para mundos distantes e completamente diferentes da aborrecida realidade, acul'outros que adoram obras de muitas páginas sobre temas bastante pesados. E, para pessoas diferentes, existem livros diferentes, existem géneros diferentes e existem clássicos diferentes. Acontece que um livro não nasce clássico. Grande parte das vezes, são escritos por pessoas que narram histórias decorridas na época em que vivem, tal como os escritores da nossa geração escrevem sobre a vida nos dias de hoje. Também acontece que nem todos os livros do século passado são clássicos. Um livro clássico é normalmente um livro que se tornou um sucesso na altura em que saiu e que possui características que o diferencia do restantes: a qualidade do enredo, a complexidade das personagens, a crítica social... Estes livros não foram todos publicados na mesma época e muitos deles nada têm em comum para além do facto de, mesmo após 100 anos decorridos após a sua publicação, serem falados e apreciados. O maior medo em ler obras clássicas deve residir no tipo de escrita, pois a língua evolui ao longo dos tempos e é sempre mais difícil nos habituar-mos a uma forma diferente de comunicação, mas também, e sobretudo, na má escolha que pudemos fazer. Escolhemos um livro muito grande quando não temos um ritmo rápido de leitura ou paciência para obras longas, optamos por um autor com ideias muito controversas quando somos mais de leituras simples e com pouca carga emocional... Existem clássicos para todos os gostos e de todos os feitios. É preciso saber escolher.


 Dos Fininhos para os Calhamaços

 Mesmo se forem leitores habituados a obras longas, o meu conselho é sempre partir das obras com poucas páginas para as mais grossas. A verdade é que, mesmo que a experiência não seja um desafio tão grande quanto parece, a verdade é que os clássicos são, geralmente, livros difíceis. Sou sincera quando digo que não há razão para ter medo deles ou adiar demasiado a sua leitura, porque são obras como todas as outras, e nem todos somos filósofos, logo, se a maioria as aprecia, é porque há realmente algo de especial nelas; todavia, é verdade que grande parte das grandes obras são conhecidas pela sua visão inovadora para a época em que se situam ou devido à crítica à sociedade da altura, no entanto, há muito por onde se apreciar. O enredo, o ambiente, as personagens, o estilo de escrita, tantos aspetos que podem corresponder aos nossos gostos. Nem todas foram escritas somente com a intenção de criticar - maioritariamente, o seu objetivo é comum ao de muitos outros livros: contar uma história. As mais pequenas costumam ser também aquelas que possuem somente um objetivo específico, com personagens pouco desenvolvidas e narrativa aborrecida, já que o autor não teve a preocupação de cativar o leitor, apenas de transmitir uma mensagem. A partir das 150, 200 páginas, é a minha dica quando quiserem escolher a vossa primeira leitura clássica. Depois, ir aumentando progressivamente o número de páginas, ou ir diminuindo se quiserem partir para leituras de mais difícil compreensão.


 Autores Clássicos para todos os gostos

 Eis agora alguns autores clássicos e algumas das suas mais importantes obras:

Jane Austen
 Orgulho e Preconceito, Emma, Persuasão.

 Romances sobre protagonistas fortes que encontram inesperadamente o amor. Toda a gente sabe que Jane Austen é a autora clássica de eleição dos leitores do sexo feminino.

 George Orwell
 1984, A Quinta dos Animais / O Triunfo dos Porcos

 Conhecido pela crítica social que faz nas suas obras, que ainda hoje se mantém atual, o criador do Big Brother e de uma das mais importantes distopias da literatura.


 Agatha Christie
Um Crime no Expresso do OrienteAs dez figuras negrasOs Misterioso Caso de Styles

Rainha do Crime, Duquesa da Morte, Agatha Christie foi um génio no género policial/mistério. Escreveu dezenas de tramas geniais que ainda hoje são muito difíceis de superar em qualidade e complexidade do enredo, onde até o mais insignificante detalhe é importante. Dá para ver que sou fã da autora, não?


Edgar Allan Poe
 O CorvoHistórias Extraordinárias

 Toda a gente sabe que Poe é o mestre de terror. As suas histórias arrepiam-nos a pele, confundem-nos a mente e apavoram-nos o espírito. É fácil chocar o olhar, mas difícil assombrar com as palavras. Até para o mais curiosos e atrevidos largar os filmes de terror e ler Edgar Allan Poe é um desafio.


Eça de Queirós
 Os MaiasA Cidade e as SerraO Crime do Padre Amaro

 Um dos escritores realistas mais importantes de Portugal e de leitura obrigatória nas escolas portuguesas, Eça de Queirós é ora amado ou odiado. Para uns um génio, para outros uma autêntica dor de cabeça, ainda assim, como excluir desta lista tão importante escritor?


 E ainda temos Oscar Wilde, José Saramago, Ernest Hemingway, entre outros que podem pesquisar sobre e descobrir qual aquele que deverá ser autor de obras mais a vossa gosto. Há que começar por algum lado.


 E por fim... recomendações

 Se realmente fui bem sucedida na minha missão e vos despertei a curiosidade em ler clássicos, que tipo de pessoa sou eu se não vos recomendar os meus favoritos?


 Esta deve ser a recomendação mais velha de todas, mas não há maneira de deixar este livro de fora. Tem uma história de amor absolutamente deliciosa, constantemente influenciada pelos preconceitos da época de Jane Austen e pelo orgulho das duas partes envolventes. É um romance absolutamente arrebatador e uma recomendação para todos aqueles que têm curiosidade em fugir às obras de Nicholas Sparks (que não têm absolutamente nada a ver com esta, no entanto, acredito que a maioria dos leitores deste escritor também apreciem esta e outras obras da escritora).



Não são realmente precisas muitas razões para ler Jane Eyre senão a própria Jane Eyre - a personagem mais inspiradora com que já me cruzei nas minhas leituras. Para além de uma história de amor, este livro é, essencialmente, uma história de vida apaixonante que merece ser divulgada a toda a gente. O meu conselho? Leiam, gente leiam!



 Já me assumi como fã incondicional de Agatha Christie - como não recomendar a sua obra mais conhecida e quem sabe a sua trama mais genial de sempre? Razões para ler este livro? Querem dizer, para além do enredo fenomenal que nos prende desde a primeira linha, para além de personagens intrigantes que nunca são o que parecem e para além de um protagonista bastante peculiar, mas genial na resolução dos mais complicados e mais bem planeados crimes? 


 Os Clássicos não são para todos


 E, após todo este meu trabalho para vos incentivar a iniciarem-se nos clássicos, venho desmanchar todas as minhas palavras. A verdade é esta: os clássicos não são para todos. Nem toda a gente possui maturidade suficiente para os ler e, normalmente, aquelas pessoas que se fixam somente num género literário ou que normalmente vivem más experiências quando fogem da sua zona de conforto são as que menos apreciam esta obras. Leitores que deixam os livros de fantasia YA para se dedicarem a uma obra  pesada e sobre temas fortes que acabam por, durante muito tempo, não se aventurarem mais por tais leituras, fãs de mistério e de thrillers que começam ler um livro mais leve e pequeno e terminam a detestá-lo, essas pessoas são as que, muito provavelmente, menos apreciarão os clássicos e também as que menos vontade terão de os ler (e que muito provavelmente odiaram a maior parte das obras que leram na escola, o que fez diminuir ainda mais a pouca curiosidade que já tinham). O meu conselho é, se estás inserido neste grupo: atreve-te a, lentamente, partir para novos géneros literários - quem sabe se não descobrirás novos gostos e se um dia não te tornas realmente um verdadeiro apreciador de literatura clássica?

6 comentários:

  1. Quero muito ler alguns dos clássicos que citaste, já li Os Maias e Orgulho e Preconceito, Alan Poe não sei se terei coragem de ler terror, não é vem a minha zona de conforto.. E essas edições das recomendações são lindíssimas e a Jane Eyre em inglês também

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    1. Já ouvi opiniões muito divergentes sobre "Os Maias", mas ainda assim estou curiosa. :) Eu tenho bastante curiosidade para ler Poe, adoro histórias que tenham a capacidade de nos provocar um arrepio pela espinha acima. Não li nesta edições, mas são tão bonitinhas!.. A vantagem dos clássicos é que têm muitas edições por onde se escolher. ;)
      Beijinhos!

      *Mistery

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  2. Olá :)

    É sempre bom passar por aqui! Já sabes que ADORO o layout do blog e que ADORO o que escreves e como escreves. Em suma, porque nunca é demais dizer, criaste e recriaste um blogue com muita qualidade na minha opinião. E é uma pena que ele algum dia desapareça.
    No que diz respeito aos clássicos não podia concordar mais com o que escreveste! Acho que já falamos sobre isso algures no tempo até :). No entanto, também ainda não li muitos. Sou daquelas em que Jane Austen ocupa, sem sombra de dúvida, um lugar muito especial, sendo o meu clássico preferido o "Orgulho e Preconceito". Quero muito ler Agatha Christie e também José Saramago (o que li no secundário não conta)!

    Beijinhos,
    Rosana

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    1. Olá, Rosana! :)
      Oh, muito obrigada! :D É sempre bom ter-te por aqui! Espero continuar este blogue por muito mais tempo - esta experiência ensinou-me lições valiosas e a dinâmica desta comunidade é razão mais do que suficiente para não a querer abandonar (esperemos que dependa só de mim, mas colocarei o maior empenho que puder).
      Também, admito, não li muitos clássicos, mas os suficientes para me permitirem fazer algumas reflexões. De Agatha Christie três obras chegaram para a tornar numa das minhas autoras favoritas e, em relação a José Saramago, com um conto e uma obra completa lidas, posso afirmar que vale a pena - adoro a sua escrita e a construção das personagens e história. :)
      Beijinhos e Boas Leituras!

      *Mistery

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  3. Concordo muito com o teu texto.. antes também achava que não gostava de clássicos, porque os que li na escola na altura acabaram por não me cativar. Mas depois li o Orgulho e Preconceito e a minha visão das coisas mudou completamente.. Hoje em dia há um grande número de clássicos nos meus livros favoritos e quero ainda ler mais ao longo da minha vida..
    Gostei do tema..
    beijinhos*

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    1. "Orgulho e Preconceito" não foi o meu primeiro clássico, mas um dos primeiros que realmente adorei. Há tantos que me despertam curiosidade, já não sou tão receosa em relação a eles.
      Beijinhos!

      *Mistery

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