quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Opinião | O Outro Amor da Vida Dele, de Dorothy Koomson


Titulo Original: The Woman He Loved Before
Ano: 2011
Editor(a):  Porto Editora
Páginas: 448

Reimpressão - Agosto 2014
(1.ª Edição a abril de 2012)


 Sinopse da contra-capa:

 Está a viver o amor com que sempre sonhou?

Libby tem uma vida perfeita com um marido maravilhoso e uma casa enorme em frente à praia. Mas, aos poucos, começa a duvidar do amor de Jack e não acredita que ele tenha realmente superado a morte da primeira mulher, Eve.

Quando o destino interfere na relação de ambos, Libby sente necessidade de conhecer melhor o homem com quem se casou e a aparentemente perfeita Eve.

A jovem esposa descobre algumas verdades assustadoras sobre aquela família e começa a desconfiar que também ela terá o destino da primeira mulher que Jack amou...


 Mini-biografia da autora (aba esquerda):

Traduzida em 30 línguas e com mais de 2 milhões de livros vendidos em todo o mundo, Dorothy Koomson é hoje uma das maiores referências do romance feminino. Ao livro mais emblemático - A filha da minha melhor amiga - seguiram-se outros sucessos que a tornaram uma das autoras preferidas dos leitores portugueses.

Descubra mais sobre a autora em:
www.dorothykoomson.co.uk
www.facebook.com/dorothykoomsonportugal


 Opinião

 O Outro Amor da Vida Dele é dos romances favoritos dos leitores de Dorothy Koomson, mas foi precisamente aquilo que o torna tão adorado que me fez desiludir-me pela primeira vez com a minha escritora favorita.

 Libby é apaixonada por Jack, o seu marido, com quem partilha uma vida feliz. Não há nada que perturbe o seu casamento, à exceção de uma coisa; ou melhor, uma pessoa: Eve, a primeira mulher de Jack, que faleceu em circunstâncias misteriosas. Devido a um acontecimento recente e inesperado que irá abalar a relação do casal e da própria protagonista consigo mesma, Libby começa a questionar-se seriamente se Jack conseguiu realmente superar a morte do seu primeiro amor, levando-a a ir à procura de respostas: Quem foi Eve? Porque razão Jack se recusa a falar sobre ela? Será que a sua morte foi realmente um acidente? E como poderá o seu passado ter desencadeado tal?

 Como já vos tinha confessado neste post, suspeitava ser vítima de uma terrível ressaca literária e tudo neste livro gritava o fim da mesma. Para além de já estar marcado como Um dos melhores livros de Dorothy Koomson pelos fãs desta amada escritora, as primeiras 172 páginas foram devoradas rapidamente e sem vergonha. Apeguei-me imediatamente a Libby e senti na pele todo o seu sofrimento, por amar alguém que não conseguia amar mais ninguém como amou «o outro amor da vida dele» e por tudo porque teve de passar desde o acontecimento que se dá imediatamente no início deste livro. Durante os primeiros nove capítulos desta obra, a autora deu destaque à relação de Jack e Libby, ao mistério da morte de Eve e à tarefa de Libby de superar os últimos incidentes e as consequências que tiveram na sua pessoa. Até esse momento, saltamos entre as perspetivas de Libby e Jack, sendo as deste último mais curtas, que serviam não só para compreender parte dos seus sentimentos como também para atiçar a nossa curiosidade em relação às questões já mencionadas. E, durante todos estes capítulos, geraram-se expectativas corruptas e não lhes atribuo a culpa à minha pessoa, somente à autora, por me ter enganado levando a crer que este livro seria uma coisa quando tinha a intenção de o tornar outra completamente diferente.

 E é, no capítulo dez, na página 175 que começa a perspetiva de Eve, a primeira esposa de Jack. Tendo em conta todas questões levantadas pela escritora, estas eram as razões porque Koomson nos oferecia tal ponto de vista: para compreender a influência de Eve em Jack, para desvendar os mistérios do seu passado que poderão ter levado ao seu trágico desfecho. Estava certa: esses eram os objetivos da autora. Mas ela não os pretendia executar tão cedo.

 153 páginas de O Outro Amor da Vida Dele são dedicadas a 15 anos da vida de Eve, desde o fim dos seus 16 anos até a sua morte prematura. 153 que não são dedicadas aos enigmas deste livro, mas à história cruel desta personagem, sujeita a terríveis circunstâncias e obrigada a fazer duras escolhas. Acontece que, durante o tempo em que temos a Eve como narradora, ou seja, desde a página 175 até à 406, mas principalmente desde a página 175 até à 354, não há qualquer desenvolvimento significativo na história. Temos alguns capítulos narrados por Libby e por Jack, mas nenhum progresso na sua relação, na recuperação de Libby ou no enigma da morte de Eve. 119 páginas de história que deveria ser secundária, mas que acabou por se tornar o foco da segunda parte da obra. Afinal, não era Libby a personagem principal? Deixou de ser, durante muitas e muitas páginas, para dar o protagonismo a Eve, aspeto que não podia ter me desagradado mais, já que, a partir do momento em que nos é introduzida esta nova narradora, 62% da obra passa a ser narrada por ela (dei-me ao trabalho de fazer contas, é verdade! Chama-se indignação ).

 Eve é caracterizada como uma mulher forte e lutadora que, apesar das circunstancias a que foi sujeita e de todo o sofrimento que sentiu durante grande parte desses 15 anos da sua vida, nunca desistiu e manteve-se forte. Essa é a razão porque este romance é tão adorado e também a razão porque me desiludi tanto (já disse isto, não disse? Estou certa que sim). Apesar de tudo porque passou e da compaixão que senti por ela, não fui capaz de admirar Eve em qualquer momento do livro, pelo menos na mesma medida que outros leitores. Senti-me desconfortável com as decisões que foi forçada a tomar e com tudo o que ela nos narrava, no entanto, não era a ela que eu desejava dar atenção, mas sim a Jack e a Libby. Não me julguem, não pensem que sou insensível a tudo porque passou, pura e simplesmente, e infelizmente, as suas palavras não me conquistaram. Na minha opinião, Koomson podia ter aproveitado a visão de Eve de uma maneira bastante diferente e mais cativante. Claro que isso faria dela uma personagem menos memorável, contudo, a autora deveria ter procurado por outras soluções na forma como construir esta história e organizar este enredo. Compreendo porque demorou tanto tempo a abordar novamente as questões Será que a morte de Eve foi realmente um acidente? O que tem o seu passado a ver com tal? : só necessitamos de uma fatia pequena da sua história para chegar à mesma conclusão a que Libby chegou. Também não deveria ter feito, em nenhum momento, o leitor suspeitar de Jack, porque é mais do que evidente que ele nunca seria capaz  de cometar nenhum ato semelhante (digo-vos isto não com a intenção de vos dar spoilers, até porque ao fim de umas páginas vocês certamente chegarão ou chegaram à mesma conclusão, por isso mais vale não terem as ideias defraudadas). Não encontro muitas soluções que não alterem grande parte da história, contudo, não sou escritora - sei que é errado exigir algo de alguém quando nós não somos capazes de melhor e até porque a história não é minha e não reservo qualquer direito de a alterar. Seja como for, o que está feito está feito, mas ainda assim desejava que a premissa tivesse sido aproveitada de maneira diferente (e já é a terceira vez este ano que isto acontece, chamem-lhe coincidência).

 Perdoo a autora - como não poderia, após tantas outras obras amadas -, pois no final conseguiu redimir-se e finalmente chegar a algum lado. Teria, inevitavelmente, de o fazer, por isso talvez esta não seja razão para a desculpar, todavia, o final encheu-me as medidas e correspondeu aquilo que pretendia. Muitas pessoas esperavam um fim mais desenvolvido, mas eu contento-me com este. Ponderei seriamente se deveria descer tantas estrelas por algo que, julgo eu, era intenção da autora desde o início, e cheguei à conclusão que não. Apesar do enredo não ter sido sempre do meu agrado, a escrita continua a ser maravilhosa e inconfundível, as personagens são reais e credíveis e o final é aquilo que se deseja quando se sofre uma pequena desilusão.






Citações Favoritas:

  • (...) a felicidade não deve ser em si uma meta de vida. Deve fazer parte da viagem. (...) quando deixamos tudo em espera para perseguir a única coisa que julgamos que nos vai trazer felicidade, tornamo-nos infelizes até lá chegar, e quando lá chegamos corremos o risco de descobrir que aquilo que queríamos não nos fez tão felizes como esperávamos. Ou pior, que nos esquecemos completamente de como ser felizes. [Jack]  (Pág. 34)
  •  Será a vida apenas uma série de eventos que conduzem a várias encruzilhadas onde temos de fazer uma escolha? Será a vida uma sequência de momentos que nos levam a situações impossíveis em que nos pergunta-mos o que fazer? É o que parece.  [Eve] (Pág. 400)
  •  Para que temos corações e sentimentos, se acabam sempre destroçados?  [Jack] (Pág. 424)
  •  (...) quando se ama alguém, a dor de os vermos a sofrer é pior que qualquer dor que possamos sentir.  [Eve, citado por Jack] (Pág. 435)

6 comentários:

  1. Olá :)

    Adoro mesmo ler as tuas opiniões! :)
    São repletas de uma transparência e cuidado que não se vê muito por aí.
    Quando abri o post, Dorothy Koomsom, de certeza que ela adorou! :) Ups :/, parece que não foi bem assim. Mas vá, perdoada! :) O perdão que me vai levar no próximo ano a ler definitivamente um livro desta autora.

    Beijinhos,
    Rosana

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    1. Olá!
      Não posso transpor em palavras o quanto o meu coração sorriu ao ler o teu comentário (ou o quanto sorri de cada vez que leio comentários assim). :D Adoro escrever opiniões, pois permitem-me entender melhor os meu sentimentos em relação a determinada livro, de modo a que posso sempre justificar-me. É que, sabes, detesto a estranha sensação que se apodera de mim de cada vez que tenho de responder à pergunta «E porque é que (não) gostas?» e não sei o que dizer. Sinto sempre que falta algo quando não sei explicar a mim mesma o porquê de ser assim e as minhas opiniões são, como é óbvio, um meio de expressão, mas, sobretudo, uma maneira de me sentir completa. Sou crítica por natureza e curiosa acerca dos porquês de tudo.
      Minha cara Rosana, não posso permitir que passe deste ano! Sou sempre suspeita quando falo deste livro, mas acredito que "Amor e Chocolate" é daqueles livros que cativa qualquer leitor desde a primeira página. Apesar de todas as suas diferenças com os restantes romances de Koomson, não há como não querer ler mais obras da autora depois desse. Se não esse, então "A Filha da Minha Melhor Amiga", o seu livro mais conhecido. Qualquer um é recomendação (incluindo este), mas o que nós queremos mesmo é que não resistes a ler mais um dos seus romances mal tenhas a oportunidade. ;)
      Beijinhos e Boas Leituras!

      *Mistery

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    2. Eu querer queria ler já! :)
      Só que tenho vários entraves: 1. Ainda não tenho nenhum deles em casa. :) 2. Em Novembro tenho o Exame de Acesso à Especialidade (que é assim dos mais importantes da vida digamos :) ) e, portanto até lá vou ler mesmo muito pouco e prefiro ler livros que quero mesmo numa altura em que esteja com a mente mais livre! 3. Em dezembro é possível, mas acredito que no início do mês vá estar ainda muito cansada para tal. :) Podemos agendar para Janeiro :), e rezar para que encontre uma promoção até lá! :)

      Beijinhos,
      Rosana

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    3. Percebo... vai ser um fim de ano complicado... :-/
      Boa Sorte, espero que corra tudo bem! :D

      *Mistery

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  2. Dorothy, Dorothy, cada vez a tentar-me mais... :P só tenho um cá em casa, o "Pedaços de Ternura", como sabes. Já disseste que não é o melhor, mas tenho mesmo de o ler e de comprar "Amor e Chocolate"!!
    Beijinhos e boas leituras! :D

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    1. Quando sentires curiosidade em lê-lo, agarra-o sem hesitar. ;) Ao contrário de «Amor e Chocolate», aborda alguns temas difíceis, mas não de uma maneira tão forte como outros autores e se começares por este, ficarás mais familiarizada com a maneira como o faz. «Amor e Chocolate» é realmente o meu queridinho, não há hipótese, quando se adora um livro, adora-se um livro!
      Beijinhos e Boas Leituras!

      *Mistery

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