quinta-feira, 9 de abril de 2015

Opinião | Insurgente, de Veronica Roth


Titulo Original: Insurgent
Ano: 2012
Editor(a):  Porto Editora
Páginas: 376

Reimpressão - Fevereiro 2015
(1.ª Edição a maio de 2013)


 Contra-capa:



 Resumo da aba direita:

 A tua escolha pode transformar-te - ou destruir-te. Mas qualquer escolha implica consequências, e à medida que as várias fações começam a insurgir-se, Tris Prior precisa de continuar a lutar pelos que ama - e por ela própria.
 O dia da iniciação de Tris devia ter sido marcado pela celebração com a fação escolhida. No entanto, o dia termina da pior forma possível e a guerra parece ser inevitável.
 Transformada pelas próprias decisões mas ainda assombrada pela dor e pela culpa, Tris terá de aceitar em pleno o seu estatuto de Divergente, mesmo que não compreenda completamente as consequências dessa escolha.


 Mini-biografia da autora (aba esquerda):

 Estudou Escrita Criativa na Northwestern University. Nos seus tempos de faculdade, preferiu dedicar-se a escrever o que viria a ser a sua primeira obra, Divergente, e deixar de lado os trabalhos de casa – uma escolha que acabou por transformar totalmente a sua vida. Veronica Roth foi considerada a melhor autora pelo GoodReads Choice Awards em 2012. Divergente foi eleito o melhor livro de 2011 e Insurgente o melhor livro de fantasia para jovens-adultos em 2012, pela mesma entidade, a única cujas distinções são atribuídas exclusivamente pelos leitores.


 Opinião

 Aviso: Esta opinião está livre de quaisquer spoilers ou informações adicionais que não os da sinopse do mesmo, mas contém, inevitavelmente, informação sobre o volume que o antecede (Divergente), já que Insurgente é a continuação de uma trilogia. 

 Li Divergente a abril do ano passado e desde então que tenho feito questão de tecer elogios a este livro sempre que posso. As obras que receberam uma classificação elevada da minha parte não são em número muito reduzido, no entanto, as que conseguiram prender a minha atenção de uma forma incrível, devido à sua escrita cativante e enredo extraordinários, as principais razões que me levam a adorar por completo um livro, aliados a personagens fortes e, se se enquadrar no género, ação constante, são muito poucas. Já fez um ano que Divergente me tirou o sono e me fez ler pela noite adentro, que me envolveu na sua narrativa de emoções fortes, me fez sonhar acordada com a minha iniciação nos Intrépidos (embora saiba bem que não é essa a fação a que pertenço) e me fez apaixonar pela sua escrita e protagonistas. Nunca um livro, ou muito poucos, me tinham envolvido como o este. Contudo, por maior que seja o entusiasmo que esse tipo de livro te desperta, só de pensar nele, é muito difícil manter esse mesmo entusiasmo durante muito tempo. Esperei quase um ano por Insurgente e, embora não quisesse acabar tão cedo a minha aventura na Chicago distópica de fações, teria sido preferível lê-lo mais cedo, pois, muito provavelmente, tê-lo-ia terminado tão entusiasmada como quando terminei o seu anterior. Ainda assim, Veronica Roth voltou a surpreender-me e fez jus às expectativas que surgiram com Divergente.

Fiz coisas más. Não posso desfazê-las e agora são uma parte daquilo que sou. E na maior parte do tempo até parecem ser a única coisa que eu sou.  (Pág. 116)

 Tris está desfeita. Depois de deixar a sua família, abandonando os Abnegados e escolhendo os Intrépidos na Cerimónia de Escolha, foi testada e obrigada a conhecer os seus limites, mas também ameaçada pela sua divergência, condição que a colocou em constante perigo. Depois do desencadeamento da simulação, Tris esteve por várias vezes cara a cara com a morte e teve de fazer duras escolhas. No dia que viria mudar para sempre o destino da sociedade de fações da cidade de Chicago, Tris vê-se obrigada a matar o seu melhor amigo, Will, e perde ambos os pais, que se sacrificaram por ela. Por conta de todos estes acontecimentos, golpes duros para a nossa protagonista, Tris torna-se numa pessoa diferente. Agora vive com a culpa das suas escolhas todos os dias e sente a dor das perdas que sofreu, muito mais dolorosa que a dor física. Quebrada num mundo em decadência, caracterizado pela tensão e pelo medo, será durante a guerra desencadeada pelo Eruditos que Tris irá descobrir os segredos da sociedade em que acreditava, assumindo-se como Divergente e começando a compreender a importância de o ser. A sua relação com Tobias também será constantemente abalada, tanto devido ao conflito entre fações como devido ao conflito consigo própria.

 Neste livro, ao contrário do que foi o início da aventura, vemos serem melhor exploradas as 5 fações, conhecendo mais a pormenor a mundo de Divergente. Num ambiente tenso de guerra, descrito pela escrita de Veronica Roth (simples, bela, capaz de nos transmitir as emoções mais fortes sem necessitar de as caracterizar, fazendo-nos sentir, por isso, as mesmas sensações vividas pelas personagens neste clima de conflito), a ação continua a fazer parte desta obra, bem como a angústia e o sofrimento que a autora nos provoca por não demonstrar ter qualquer piedade ou sentir qualquer tipo de misericordiosa - esta mulher malvada e cruel faz com que nos apeguemos às personagens, que nos riamos com os seus momentos, faz-nos esquecer, por uns instantes, o negro do céu, juntamente com elas, para depois voltar a cobrir o teto de nuvens e as arrancar de nós e das outras personagens que também nos são queridas. Insurgente é aquela continuação viciante e torturante que nos provoca um desconforto no peito. Como se os tempos não fossem já escuros o suficiente, quando a luz perde a sua timidez e se revela finalmente, desaparece logo a seguir, voltando a refugiar-se, indo para longe do conflito e das emoções negras, levando de nós a esperança que nos faz acreditar que o melhor está para vir. O pior não perdê-la, é vê-la regressar e esquecer de que a vamos perder novamente. Não há compaixão para com as pobres vítimas, que se vêm obrigadas a lutar por si próprias, a testar a sua força. Só que, quando uma sociedade fica em risco de se modificar ou destruir, surgem diversos pontos de vista acerca do que se vem a seguir: as ambições dos vários grupos são diferentes e aos posições das diversas fações não são semelhantes, reagindo de acordo com os princípios que a caracterizam; só que esses princípios faziam parte de uma sociedade em paz e de uma divisão harmoniosa e elas são obrigadas a colocar os seus valores em causa e a rebelarem-se. A pergunta, que nos persegue do início ao fim, é na verdade: quem sairá vitorioso nesta guerra? Qual dos insurgentes se irá destacar? E é nesse aspeto que Tris e Tobias têm um papel importante e fundamental.

"Como um animal selvagem, a verdade é demasiado poderosa para ficar presa numa jaula.
- Do manifesto da fação dos Cândidos" 
 (Pág. 7)

 A descoberta da verdade é o que Tris mais anseia, mas também o que mais teme, pois nunca conheceu mais nada senão o sistema de fações. Quando confrontada com segredos e meias-verdades, também ela assume o seu papel de Insurgente e define o seu ponto de vista e, para o concretizar, vê-se obrigada a desiludir aqueles com que mais se preocupa, a desafia-los. As suas escolhas irão, inevitavelmente (não fosse ela a protagonista da aventura), ter um papel decisivo no futuro e muitas são as dolorosas decisões que toma até o surpreendente final, que nos deixa a ansiar por uma continuação. E essa continuação é Convergente, já na minha prateleira e à espera de ser devorado este Verão.

 Quanto às personagens, incluindo Tris, elas tanto me desiludiram como surpreenderam, ambos no bom e no mau sentindo e somente no bom no aspeto que diz respeito à qualidade da obra. Revelaram os seus defeitos e qualidades, o seu lado mais negro e o mais luminoso, demonstrando a sua humanidade e provando mais uma vez o quão difícil é categorizar uma pessoa num único aspeto da sua personalidade. Apesar do sofrimento de Tris e dos seus medos que a atormentam todos os instantes, consegui sentir aquela voz presa na jaula do seu íntimo, desejosa de se libertar e afirmar, aquela voz que caracteriza o desejo de lutar, apesar de todas as dificuldades. Foi essa voz que nunca me fez, nem por um segundo, perder a fé nesta protagonista desfeita, mas ainda assim desejosa de combater as dificuldades.

 Embora não tenha atingido um dos três níveis de classificação mais elevados (esteve bem perto, é verdade), Insurgente conseguiu surpreender-me, pela originalidade do seu enredo, por raramente se tornar monótono e manter a ação constante, pela complexidade de sentimentos que me transmitiu e pelo final inesperado. Uma coisa que me já me agradou no livro anterior é que a autora não deixou o final demasiado em aberto, concluindo parte do mistério, encerrando um objetivo e dando início a outro. Em Divergente, foi o de Tris concluir a sua iniciação e tornar-se uma Intrépida. O deste livro foi a conclusão do conflito e a descoberta pela verdade. O de Convergente será, provavelmente, o de explorar os limites e conhecer melhor as origens do sistema de fações. Por essa mesma razão guardo-o para uma altura que considero ser a ideal para pôr fim à trilogia Divergente, que até agora não deixou nada a desejar, senão da minha parte, que esperei tanto tempo por uma continuação. Continua a recomendação e o desejo de divulgar a todos os fãs de distopias, de Young-Adult's  e de ficção-científica esta série surpreendente e entusiasmante.







Citações Favoritas:

  •   Os Cândidos enaltecem a verdade, mas nunca falam do seu preço.  (Pág. 115)
  •  Há uma guerra dentro de cada um de nós. Às vezes, ajuda-nos a manter-nos vivos. Outras vezes ameaça destruir-nos.  (Pág. 176)
  •  O desgosto não é tão pesado como a culpa, mas corrói-te muito mais.  (Pág. 272)
  •  A crueldade não torna uma pessoa desonesta, da mesma maneira que a coragem não torna uma pessoa simpática.  (Pág. 299)
  •  (...) nunca nos libertamos por completo das nossas origens.  (Pág. 307)
  •  Já percebi que as pessoas são feitas de várias camadas de segredos. Acreditamos que as conhecemos e que as compreendemos mas os motivos delas ficam sempre escondidos dos outros, enterrados nos seus próprios corações. Nunca as conhecemos mas por vezes decidimos confiar nelas.  (Pág. 360)
  •  (...) por vezes as pessoas que oprimimos tornam-se mais poderosas do que nós gostaríamos.  (Pág. 367)


 Trailer do filme:

 Aviso: Algumas partes incluídas neste trailer não fazem parte da narrativa do livro que lhe deu origem, tendo já me sido indicado de que algumas só fazem parte do terceiro livro, pelo que recomendo que tenham isso em conta se não querem ser alvos de spoilers.




2 comentários:

  1. Olá :)

    Cantinho novo, mas os leitores hão-de manter-se espero! Já tinha algumas saudades confesso de passar por cá, de comentar cá, de ler cá!
    Uma opinião muito bem escrita, sem spoilers (algo que aprecio MUITO)! :) Não posso dizer que me deste vontade de ler, porque já li! :) E como sabes também já li o "Convergente" que tenho quase a certeza de que também vais gostar!

    Beijinhos,
    Rosana

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    1. Olá, Rosana! :)
      Também já sentia falta de te ter cá e de ler um comentário teu! É um prazer ter uma visita tua.
      Muito obrigada! :) Confesso que, por vezes, é um pouco difícil não revelar spoilers (é aquele desejo de discutir com outros os acontecimentos de uma obra), mas é algo que se há de ter sempre em conta, por respeito por quem está a ler (e porque quem já apanhou spoilers sabe o quão mau é ser apanhado desprevenido). Tenho ainda mais expectativas para o "Convergente", apesar de todas as opiniões negativas que já li, contudo, Veronica Roth já demonstrou ter o dom de me surpreender.

      Beijinhos e Boas Leituras!
      *Mistery

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